Os comentários de Simone Weil ao Pai Nosso surgem como meditações sobre cada um dos versículos dessa oração em grego, tal como aparecem no Evangelho de São Mateus e como foram retomados na liturgia das Igrejas cristãs, acompanhados da tradução da sua própria autoria. Documento fundamental no percurso de evolução espiritual da filósofa francesa, este texto deixa entrever o papel que esta oração desempenhou na sua vida e a forma como Simone rezava. Simone Weil – que recebeu a certeza do Deus vivo por ocasião da sua viagem a Portugal em agosto de 1935 e que se sentiu «tomada por Jesus» em Solesmes em 1938 – durante muito tempo não rezou. Rezar o Pai Nosso foi algo que começou a fazer várias vezes ao dia durante as vindimas na região do Gard, onde muito trabalhou, tornando-se essa oração parte integrante da «mística do trabalho» que, a seus olhos, permite uma adesão total a Cristo, uma vez que «nenhuma finalidade terrena separa os trabalhadores de Deus».