A Funerária do Sr. Iku
Om bogen
Do lado de fora do escritório o casal segurava um envelope com fotos e o nome completo da vítima. Eles tremiam. Uma reunião era concessão para poucos. O homem tinha a fama de ser limpo e seus serviços acima da razão humana. O que para muitos não passava de outra simples Casa Funerária aos arredores do Cemitério de Inhaúma, para os habitantes de Onheama – Universo Sombrio – assumia a função de covil de um dos seres mais perigosos que transitava entre os mundos. Alguns o chamavam de Sr. Iku, embora apenas soubessem que se tratava de uma criatura milenar, sem origem, com o poder de burlar a morte.
Em seu terno branco, impecável, com o charuto descansando no cinzeiro, sentado em seu escritório em uma poltrona clássica de couro marrom, Sr. Iku analisava as fichas dos corpos recém-chegados. Cada detalhe sobre a vida e a causa mortis era vital para o preparo e concretização do ritual. Controlar os mortos para benefício próprio exigia um minucioso trabalho de pesquisa e os encantamentos corretos. Qualquer deslize e a fúria dos mortos poderia se voltar contra quem desejava se tornar o senhor deles.