África(s) na(s) Literatura(s): Novos e velhos mundos em debate (vol.3)
Tietoa kirjasta
A coleção África(s) na(s) literatura(s) nasceu a partir do projeto "África na Literatura", idealizado pelo Coletivo Raízes e fi¬nanciado pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, abrangendo outras ações culturais para além da publicação. Também produto do investimento no debate sobre esse continente ainda tão desconhecido no Brasil, os dois primeiros volumes da coleção, "África(s) na(s) literatura(s): revisitando narrativas que tecem complexos culturais", publicados em 2021 e 2022, reuniram trabalhos de pesquisadores de diversas latitudes, dos dois lados do Atlântico, buscando propiciar diálogos fecundos tanto entre distintos objetos literários quanto entre perspectivas teóricas e críticas dinamizadas pelo recurso à interdisciplinaridade. Aos objetivos dos volumes anteriores vem se somar agora esta iniciativa, com recursos provenientes de um novo projeto. Balizada pela valorização da pluralidade, a edição tem em comum com as anteriores a procura por incorporar vozes provenientes de diversos espaços, focalizando objetos bastante variados.
Com a presente edição de África(s) na(s) Literaturas, podemos apreender muitos dos sinais de vitalidade de um repertório que, efetivamente, vem se desdobrando e, ao multiplicar as referências, contribui intensamente para a quebra de uma imagem monológica que é sempre uma ameaça ao conhecimento. Com Frantz Fanon aprendemos que o "esforço doloroso e heroico" dos povos africanos tinha como um dos objetivos a reconquista de "sua personalidade roubada", processo que se impôs com armas e letras. Se o domínio econômico foi uma das áreas da expansão, as mulheres e os homens do continente compreenderam que o resgate de seus territórios precisava ser consolidado também no plano do simbólico, projeto a ser articulado com a criação de um pensamento tão novo quanto possível. Os textos literários aqui contemplados inscrevem-se nesse empenho libertador que ultrapassa as fronteiras temporais da luta contra o colonialismo direto, na acepção de Edward Said, e enfrenta as muitas batalhas contra a continuidade imperial. Aos pesquisadores que assinam os textos críticos vem sendo reservada a tarefa de perceber em cada autor e em seu conjunto a capacidade de, também no campo estético, confrontar os fantasmas, antigos e novos, que insistem em turvar as utopias que perseguimos. A todos só podemos agradecer.
(Rita Chaves)