Nos séculos XIX e XX, o mar revolto obrigou centenas de famílias de pescadores da Praia da Vieira (Leiria) a procurar uma alternativa à pesca de arrasto tradicional da costa, impossível de praticar com segurança durante o inverno. Encontraram-na na pesca fluvial no rio Tejo e assim iniciaram um dos movimentos migratórios internos mais marcantes em Portugal: primeiro de modo pendular (inverno no rio, verão no mar) e depois fixando-se em definitivo no Ribatejo. Esta fusão deu origem a uma cultura ribeirinha com características próprias (barcos, casas, gastronomia e religião), mas muito marginalizada, sobre a qual o neorrealista Alves Redol escreveu em 1942. Hoje, ainda subsistem alguns vestígios desta vivência nas margens do Tejo e na Praia da Vieira. Este livro vai em busca deles, antes que desapareceram.