A História do Cinema se cruza com a História da Psicanálise, uma vez que a forma como falamos de nosso sofrimento depende das narrativas que o cinema nos ensina a construir e desconstruir. Neste volume, pontuamos alguns momentos cruciais para a invenção de certo modelo de feminilidade no cinema, dependente do sistema de estrelas, cuja imagem fundamental talvez tenha sido Marilyn Monroe, que teve uma imensa relação biográfica com a psicanálise. O cinema americano da década de 1970, com seu suspiro crítico, talvez possa ser entendido como um refluxo da integração simbólica entre essa imagem de mulher e a família-tipo da qual ela poderia ser deduzida. Seria este mais um caso que aproxima as bifurcações que marcam a história da psicanálise das encruzilhadas críticas da cultura no século XX? A contracultura e o rock dos anos 1960, a chanchada dos anos 1970, o documentário dos anos 2000, bem como as novas tecnologias de disseminação da psicanálise nos blogs e na publicidade são casos desta relação tensa entre os gêneros de cinema e os gêneros no cinema.