Bioética da obrigação mútua: todos entrelaçados
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Conscientemente, ninguém colocará em dúvida que viver é um exercício de realizar escolhas em meio à convivência com outras pessoas. Seja no plano ético, seja no âmbito político, nas particularidades do cotidiano, ou no que se refere à existência humana, nossa espécie está incontestavelmente entrelaçada entre si e com a natureza, que nos rodeia de modo inescapável. Ortega y Gasset (1967, p. 52) escreveu: "[...] eu sou eu e minha circunstância, e se não salvo a ela não me salvo a mim". A ninguém é dado o privilégio da escolha singular, que não se imiscuir, de algum modo, em outras vidas. A convivência obrigatória nos torna interdependentes, e essa realidade nos obriga a sermos conscientes, críticos, realistas e, ao mesmo tempo, idealistas, sem prescindir da ideia de construir um mundo melhor, em que se permita pensar e enxergar as escolhas sendo feitas com base em uma consciência sensível. A propósito desse escopo, surgiu a palavra "bioética", que, lida e bem apreciada, vem encontrando eco na sociedade da tecnociência. A bioética ganhou contornos inusitados desde que Fritz Jahr, em 1927, e Van Rensselaer Potter, em 1970, utilizaram-na, em suas obras, para mostrar suas inquietações com a escolha ética da humanidade, com o uso frequente nas academias, tornando-se um ponto essencial na prática cientí fica. No plano conceitual, o vocábulo se envolve em uma série de interpretações que não deixa de se relacionar com questões éticas e, em simultâneo, com contribuições à educação para modifi cá-las. O conceito é, coerentemente, adstrito aos temas da liberdade e da escolha, nesse sentido Bioética da obrigação mútua: todos entrelaçados mostra que, independentemente de qualquer polissemia quanto ao uso do termo bioética, não se pode menosprezar que, ao cuidar da própria vida, e das "circunstâncias" que nos deixa entrelaçados entre si, cabe-nos a tarefa do cuidar uns dos outros.