Publicado em 1865, Iracema faz parte de um capítulo fundamental da nossa literatura e da nossa cultura. A história da "virgem dos lábios de mel", do "cabelo mais negro que a ave da graúna" abriu caminho na vida literária do Brasil de meados do século XIX e garantiu seu lugar na posteridade ao propor uma prosa com cor e assuntos locais, na qual o índio é, a um só tempo, o herói romântico e a mais alta expressão da pureza nacional.
Iracema é uma virgem tabajara – tribo que, durante a colonização, luta contra os portugueses a favor dos franceses – e se apaixona por Martim, um conquistador luso, numa história de amor que sintetiza muito das contradições do então nascente povo do Brasil. Sobre esta obra-prima, o grande Machado de Assis previu: "Há de viver este livro, tem em si as forças que resistem ao tempo e dão plena fiança do futuro. (...) o futuro chamar-lhe-á obra-prima".