Aquele não seria apenas o maior grupo do rock brasileiro em 1973: o intrépido trio formado por Ney Matogrosso, João Ricardo e Gerson Conrad, que acabara de lançar seu primeiro LP, foi muito além: brilhou como uma supernova nas rádios e na TV, ao som de "Sangue latino" e "O vira". A performance misturava teatro, poesia, androginia e contracultura e conectava-se a um público heterogêneo — filhos, pais e avós —, algo impensável em meio ao pesadelo do governo militar; a música, influenciada por rock'n'roll, blues, folk, MPB e poesia, provocava o establishment com overdoses de inteligência, imaginação, ironia e ternura. O Secos & Molhados tornou-se um fenômeno cultural e comportamental – sua arte e trajetória extraordinárias reverberam até hoje.