Larva é, como sugere o título, uma obra embrionária. Um livro que prepara a génese de uma nova forma de expressão poética e de fruição da vida. Nas suas páginas, a paisagem das grandes cidades e das aldeias portuguesas fundem-se para criar imagens vigorosas e inovadoras. Cada verso afigura-se como resultado de uma síntese das experiências mais corriqueiras e imediatas, às quais se imprime uma visão inquieta e singular, suficiente para revolver as camadas mais profundas do quotidiano. É neste ritmo ágil e arrebatador que os poemas desta coletânea se sucedem, transfigurados numa beleza concreta e real, mas sempre imprevista, de tal modo que, ao fim do percurso, o leitor, segundo a etimologia da palavra-título, é levado a compreender que, diante da multiplicidade de um mundo fragmentado e em ruínas, é ele verdadeiramente o único capaz de resgatar aquilo que é oculto, o único capaz de conferir à sua própria existência um sentido.