Em "Último capítulo", o narrador Matias Deodato de Castro e Melo resume sua autobiografia de... suicida! Externando sua vontade de que os seus bens favoreçam de modo singular os desafortunados, ele busca explicar seu testamento. Tudo isso com a melhor metalinguagem de Machado de Assis, que pela voz do narrador vai tecendo comentários sobre o próprio texto.

MiniPops

Último capítulo

No melhor estilo romântico e rocambolesco, o conto "À beira-mar" é a reprodução de um relato encontrado pelo narrador dentro de uma garrafa que veio dar na praia. O enredo conta as desventuras de Ernesto, jovem ambicioso que, em busca de fortuna nos Estados Unidos, acabou passando por dois naufrágios, caiu na cilada de uma indígena e também foi preso.

À beira-mar

O conto traz a história de três amigos que cresceram juntos: Roberto, Pedro e Anastácio. Adultos, foram trabalhar na mesma fazenda, cada qual com suas características e planos de futuro. Pedro e Anastácio, prudentes, passavam os domingos empenhados em aprimorar-se profissionalmente; Roberto preferia as tabernas. Que fim levaram? Quem conta é o tio Joaquim! Extraído do livro "Os contos do tio Joaquim", o texto, que é independente, apresenta esse narrador-personagem, como em outras narrativas da obra.

Os domingos de fora da terra

As duas crônicas aqui reunidas, extraídas livro "Ao correr da pena", de José Alencar, trazem uma reflexão sobre a necessidade que o cronista tem de discorrer sobre assuntos diversos e por vezes antagônicas, como as desgraças que afligem o mundo e a vida social da corte – com pendência para esta última, sempre se dirigindo "às leitoras".

Febre de publicação

Escrito sob os preceitos do movimento romântico, "O romance dum cético d'aldeia" conta a história de um homem tido pela população como herege, por não ir às missas. A verdade revelada é que ele fora criado desde criança distante da igreja. Mas acaba por se arrepender dessa condição. Extraído do livro "Os contos do tio Joaquim", o texto, que é independente, apresenta esse narrador-personagem, como em outras narrativas da obra.

O romance de um cético da aldeia

O tom de conversa com o leitor caracteriza essas crônicas extraídas do livro "Ao correr da pena", de José Alencar. Entremeados em comentários metalinguísticos, temas diversos são analisados com humor e perspicácia, como a atuação de falsários e o perigo dos cães soltos pelas ruas. Em "Despedida", escrita em dezembro, o narrador conversa... com 1854! O ano é personificado na retrospectiva singular do folhetinista.

Novidades: Duas crônicas de José de Alencar

Nesse conto extraordinário de Machado de Assis, o enredo gira em torno do amor do Conselheiro pela falecida Quintília, jovem que, quando viva, era tida como a mais bela mulher da cidade, desejada por incontáveis pretendentes. O diálogo que conduz a narrativa deixa claro que, mesmo com a idade avançando, a moça não queria compromisso.

A desejada das gentes

Uma narrativa dentro de outra, costurando-se para dar conta do tema proposto pelo autor Rodrigo Paganino: a mentira. Antonio é um mentiroso contumaz, e por pouco não provoca a morte do noivo da bela Emília, que ele desejava. Para lhe dar uma lição, tio Joaquim conta a história trágica do João da Tenda, cujo hábito de mentir indiretamente provocou a morte da própria filha. Extraído do livro "Os contos do tio Joaquim", o texto, que é independente, apresenta esse narrador-personagem, como em outras narrativas da obra.

A propósito da missa do dia

Extraídas do livro "Ao correr da pena", as crônicas aqui reunidas tem em comum a cantora Charton, célebre ao tempo de José de Alencar, como personagem. Com humor e mesmo ironia, o autor traz ao leitor de hoje cenas do cotidiano da sociedade carioca do século XIX, como, por exemplo, as consequências do cancelamento do espetáculo da artista referida.

Primavera: Duas crônicas de José de Alencar

Em uma mesa do restaurante do hotel Novo Mundo, o metódico Duarte tem um déjà-vu e conto ao amigo narrador a forma bizarra como descobriu que seu engraxate preferido, Paschoalle, estava morto. Com referências a Poe, Baudelaire e Machado de Assis, o conto de Valentim Magalhães alia uma boa história de suspense a literatura de qualidade. O narrador encontra seu amigo Duarte em frente ao hotel Novo Mundo. Os dois homens decidem almoçar juntos no hotel, onde observam os outros clientes e desfrutam da atmosfera luxuosa. Duarte menciona ter encontrado por acaso a cabeça de seu engraxate, Paschoalle, um imigrante italiano pobre, a convite de um amigo, que trabalha na Escola de Medicina realizando autópsias, para ensinar os estudantes. Duarte também explica que é um homem metódico e acredita que a consciência é como um armário onde tudo pode ser arrumado adequadamente. Ele costumava engraxar suas botas diariamente com o mesmo engraxate, mas um dia encontrou apenas a cabeça do engraxate, o que o deixa horrorizado e pensativo com relação à vida.

A cabeça do engraxate

Para falar da alma humana, o narrador convida o leitor a conhecer, por suas próprias vozes, a vida de três objetos em situações muito distintas: a poltrona do gabinete de um sábio, o leito da câmara de uma virgem e a mesa da pocilga de um criminoso. A competência da escrita surpreendentemente provoca empatia em relação a esses objetos. "A alma das coisas" discute a presença de alma nas coisas inanimadas. O autor argumenta que todas as coisas têm alma e que elas sentem, choram e riem. Ele contrasta as pessoas que não conseguem perceber a alma das coisas com aquelas que têm a sensibilidade de enxergá-la e entendê-la. O autor destaca a importância da poesia como forma de comunicação da alma das coisas para a alma dos homens. O texto também apresenta três situações específicas: o gabinete do sábio, onde uma poltrona representa a presença do dono ausente; a câmara da virgem, um quarto delicado e puro que aguarda a presença da dona; e a mesa de um assassino.

A alma das coisas

"O espelho", de Machado de Assis, propõe uma forma singular de entender o mistério da vida humana, centrada na hipótese da existência de duas almas. Ironizando as discussões filosóficas, o conto tem por protagonista o personagem Jacobina, que participa de uma dessas conversas. Mas não é simples assim: há um conto dentro de outro conto: o mesmo Jacobina mais jovem acaba de ser nomeado alferes da Guarda Nacional. Pra ler com atenção.

O espelho

Neste conto "O Lapso", o leitor logo é introduzido ao Dr. Jeremias Halma, protagonista. Médico holandês, ele cuida das doenças da alma, tema recorrente na obra machadiana. Aqui, o bom doutor aplica um remédio que cura o lapso – esquecimento de se pagar os credores – de um paciente, mas é incapaz de cobrar-lhe a dívida consigo.

O lapso

Em "Singular ocorrência", Machado de Assis apresenta uma narrativa irônica e introspectiva que vai além do enredo tradicional. A trama se desenrola quando dois amigos, em uma esquina, comentam sobre Marocas, observando-a à distância e formando suas próprias interpretações sobre sua vida e atitudes. O conto revela, de forma perspicaz, como as percepções e interpretações superficiais moldam as relações interpessoais, questionando as falsas narrativas que criamos sobre os outros. Com um tema atemporal, a obra continua relevante, desafiando os mecanismos que influenciam como julgamos e interpretamos as pessoas ao nosso redor.

Singular ocorrência

As duas crônicas aqui reunidas, oriundas do livro "Ao correr da pena", de José Alencar, têm em comum o tema do Carnaval. O curioso e brasileiro contraste de interesses se faz presente na mistura das notícias do jornal, que reúne a guerra e o carnaval. Interessante para o leitor é ver o Carnaval carioca em formação.

Carnaval: Duas crônicas de José de Alencar

Dos contos mais significativos de Machado de Assis, "Teoria do medalhão" traz o aconselhamento de um pai a seu filho sobre a necessidade cultivar a atitude de medalhão, um "ficar em cima do muro para se dar bem", como se diria hoje. O enredo retrata o diálogo do pai como o filho após o jantar de aniversário deste. O futuro do filho passa pelas lições de como ser um medalhão.

Teoria do medalhão

"A ladainha da dor" é um conto singular de Eça de Queiroz, composto por duas cartas entremeadas por breves comentários do narrador. A correspondência entre o compositor francês Hector Berlioz e um pintor amigo seu trata da morte misteriosa do compositor italiano Paganini. A troca de cartas revela as impressões pessoais de ambos os personagens sobre a figura enigmática de Paganini, enquanto o narrador explora, de maneira sutil, as complexidades do sofrimento, da arte e da morte. O conto reflete como a dor e a perda se entrelaçam no processo criativo, marcando profundamente a produção artística.

A ladainha da dor

"Entre a neve" é um conto de Eça de Queiroz que acompanha a jornada solitária de um lenhador enfrentando o frio implacável dos montes do norte de Portugal em busca de lenha para sua família. A incessante repetição da frase "A neve caía" reforça a sensação de perseverança e solidão, enquanto o protagonista luta pela sobrevivência em meio à natureza cruel. A história reflete sobre a resistência humana e a relação do homem com o ambiente que o desafia.

Entre a neve

Tendo por pano de fundo o cenário sempre instigante de um farol, nesse conto de Monteiro Lobato o leitor encontra a trágica narrativa do reencontro de Gerebita e Cabrea, faroleiro e auxiliar, embalada pelo triângulo amoroso formado com Maria Rita. O singular narrador que presencia a história é Eduardo, que fora passar um tempo no farol.

Os faroleiros

Pontes era um tipo que fazia rir a todos. Vivendo às custas de suas piadas – que lhe dão o bastante para sobreviver apenas-, ele decide ser um homem sério, arrumar um emprego, subir na vida. Mas ninguém o leva a sério! Então, ele constrói um plano para conseguir um posto na administração pública. O destino, porém, impõe-lhe um obstáculo...

O engraçado arrependido

Neste conto "O comprador de fazendas", Monteiro Lobato deixa entrever "a contação de causos" tão cara ao conjunto de sua obra. O enredo tem lugar numa fazenda do Vale do Paraíba, chamada "Espigão", onde moram Moreira e sua família. O maior desejo do fazendeiro é vender a propriedade, que não vale nada. E surge uma oportunidade: o comprador Trancoso.

O comprador de fazendas

ELE JAMAIS PODERIA IMAGINAR QUE ENCONTRARIA UM MUNDO DEVASTADO POR UMA PANDEMIA...​ Após 97 dias entre o céu e o mar atravessando o oceano Atlântico desde a costa africana, Oto, um navegador solitário, chega a uma aldeia em algum ponto remoto do litoral baiano. Em seus sonhos, ele esperava ser recebido como um herói. Mas assim que aporta, tudo o que encontra é um cenário devastador: um cemitério repleto de cruzes recentes... um pescador em delírio perambulando a esmo... Faminto e desorientado, Oto acaba sendo capturado por um grupo de estranhos. São alguns do sobreviventes de uma terrível pandemia causada por um vírus da gripe desconhecido que havia assolado todo o planeta durante os meses em que Oto atravessava, incomunicável, o mar. Recomposto e de volta a São Paulo, onde trabalha no banco de sua família, Oto logo se dá conta de que terá de fazer muito mais do que reconstruir sua vida. Dinheiro, status e poder já não mais fazem parte da ordem do dia. Agora Oto terá de lutar por novos valores... e reaprender a amar. Escrito em 1997, Após a pandemia – O mundo que iremos celebrar, lançado agora pela Pop Stories, é um prenúncio da situação em que o planeta Terra passou a viver em 2020. Ao longo da narrativa, Marcio Poletto cria uma trama a partir de fatos que, curiosamente, estão acontecendo na atualidade. E que podem resultar em um desfecho inusitado. Ainda que, ao mesmo tempo, previsível... Um lançamento da Pop Stories.

Após a pandemia

Em "O fixador de instantes", um artista obcecado pela ideia de preservar os momentos mais significativos da vida busca desesperadamente a forma de imortalizar sua paixão avassaladora. Porém, é a presença da morte que se torna a base de sua busca, revelando a fragilidade da existência humana. A obra explora temas atemporais e universais, como a luta entre o desejo de transcender o efêmero e a inevitabilidade do fim, fazendo uma profunda reflexão sobre a vida, o amor e a morte.

O fixador de instantes

O narrador e o Homem dos Sonhos têm um diálogo singular que instiga o leitor a questionar o que é a realidade, num contraponto com o sonho. Neste conto escrito pelo português Mário de Sá-Carneiro em 1913, a exploração psicológica do personagem mítico influencia o enredo, que surpreende pela força e imprevisibilidade.

O homem dos sonhos

Em "A Caveira", Camilo Castelo Branco apresenta a história de um homem idoso que guarda uma caveira, um objeto carregado de significado emocional, em sua casa. Ao explicar ao amigo o motivo dessa preservação, o narrador revela um passado marcado por um grande amor e profunda perda. A caveira, como um símbolo carregado de significados, se torna o ponto central da narrativa, refletindo as marcas do tempo e as cicatrizes deixadas por experiências não resolvidas. O conto mergulha nos temas da memória, da dor e da morte, explorando como o peso das lembranças e dos arrependimentos pode moldar e influenciar a vida de uma pessoa ao longo dos anos.

A Caveira

Eça de Queiroz vai aqui muito além da crítica ao poema musical de Verdi, homônimo da peça de Shakespeare. Nesse texto extraído de seu livro "Prosas Bárbaras", ele mergulha na inconsciência e na fatalidade dos personagens do bardo inglês, fazendo eco, entre outros, ao poeta Baudelaire das "Flores do Mal".

Macbeth

Em "A Igreja do Diabo", Machado de Assis nos transporta para um ambiente de crítica irônica à religião, onde o Diabo, em uma conversa com Deus, revela que todas as igrejas, sem exceção, vendem a salvação. Através desse diálogo provocador, o conto explora como as instituições religiosas manipulam os desejos e as fraquezas humanas, questionando a verdadeira essência da fé. O conto aborda temas como loucura, poder e moralidade, desafiando a visão tradicional da religião e expondo as falácias e contradições que permeiam as crenças humanas.

A igreja do diabo

Em "O relógio de ouro", Machado de Assis revela o momento decisivo em que Clara, esposa de Luís Negreiros, descobre a traição de seu marido. O catalisador para essa revelação é um relógio de ouro, presente dado pela amante de Luís, que se torna o símbolo da infidelidade. A descoberta gera uma ruptura profunda no relacionamento, expondo não apenas o ciúme e a desconfiança, mas também as complexas dinâmicas de poder, controle e fragilidade emocional dentro do casamento. O conto lança uma crítica sutil à opressão feminina da época, revelando como Clara, dentro das limitações impostas pela sociedade, lida com a dor da traição e as desigualdades de poder que permeiam o casamento. Através de sua narrativa irônica e incisiva, Machado de Assis reflete sobre a fragilidade das relações interpessoais e a instabilidade emocional que surge quando a confiança é quebrada.

O relógio de ouro

Leve, o conto "A Última Receita" narra a história de Paula, jovem viúva que, a certa altura, é diagnosticada pelo médico Dr. Avelar com uma constipação grave. Sua velha e surda tia passa a desconfiar das visitas diárias que o médico faz à sobrinha, suspeitando que ela estivesse interessada nele. Depois de alguns meses sem melhoras da doença, o Dr. Avelar finalmente descobre a verdadeira causa dos males da viúva.

A última receita

No conto "Decadência de dois grandes homens", o leitor conhece a história de dois homens, Jaime e Miranda, que se conhecem num café no Rio de Janeiro. Mais velho, Jaime convida Miranda para ir a sua casa, onde conta que ele é Marco Bruto, assassino de Júlio César, que, por sua vez, está incorporado no seu gato...

Decadência de dois homens grandes

Neste genial conto de Machado de Assis, a protagonista Maria Regina ama simultaneamente dois homens, Maciel e Miranda, o primeiro mais jovem, o segundo na meia-idade. O toque de mestre se verifica na correspondência que se estabelece entre os nomes das partes do conto e os acontecimentos narrados. A trilha sonora? É a sonata, que perpassa o texto todo.

Trio em lá menor

No conto "O caso do Romualdo", o leitor encontra a crítica social típica de Machado de Assis – aqui com ênfase no jogo de interesses políticos. Visando seu sucesso na candidatura a vereador no Ceará, o personagem Vieira denota permissividade diante do atrevimento de Romualdo em relação à sua esposa Carlota.

O caso do Romualdo

No conto "O contrato", o enredo gira em torno de duas jovens muito amigas, Josefa e Laura, que, ainda adolescentes, fazem um acordo de que ambas se casariam no mesmo dia e na mesma igreja. Será que conseguem? Já em "O destinado", a elegante Delfina, amante da dança, fica indecisa entre dois amores. Com que ficará? Com o bacharel Soares? Com o bacharel Antunes?

O contrato e O destinado

O conto "Na arca" resgata a história bíblica da Arca de Noé, incluindo sua estrutura. No entanto, a ênfase aqui é na disputa dos filhos de Noé (Sem, Cam e Jafé) na divisão da terra em que ainda vão pisar. Para encerrar a briga, Noé os ameaça com uma maldição. O toque de ironia machadiana é revelado nos pensamentos do patriarca.

Na arca

O amanuense Barreto é o protagonista do conto "O caso Barreto", personagem cuja construção traz a marca de excelência de Machado de Assis. No enredo, Barreto é orientado pelo chefe a providenciar com urgência a cópia de um documento. Ele sai para cumprir a tarefa de que fora incumbido; no entanto, acaba se dispersando pelas ruas, sonhando com o futuro.

O caso Barreto

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Paulo Carvalho

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