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"Conto de escola" apresenta ao leitor a história de Pilar, um garoto que enfrenta na escola dois problemas: corrupção e delação. Raimundo, seu colega de classe e filho do severo mestre, oferece uma moeda a Pilar para ele lhe ensinar sintaxe. No entanto, ambos são denunciados e castigados com a temível palmatória, corrente ao tempo de Machado de Assis.

MiniPops

Conto de escola

Clássico de Machado, "Missa do Galo" é um recorte das lembranças de um jovem que vivia na casa de um escrivão. O tema de base é o adultério: também moravam na casa a mulher traída e sua mãe, que fazias vistas grossas e mesmo acobertava o singular comportamento do casal. O escrivão passava semanalmente uma noite com sua amante. Inesquecível.

Missa do Galo

"O espião alemão", de Monteiro Lobato, é daqueles contos cujo enredo surpreende e a sinopse não pode falar muito, para evita spoiler. Na cidade de Itaoca, os cidadãos se agrupam numa espécie de exército para encarar a Primeira Guerra Mundial. Pompa e cerimônia de quartel regadas pela ironia do narrador. Então um homem estrangeiro surge na cidade. Mas ninguém entende o que ele fala... É ler pra saber o que acontece!

O espião alemão

Mário de Andrade critica neste conto o Estado Novo, narrando como foi o Dia do Trabalho do jovem operário chamado apenas pelo número, " 35". Indo num crescer, da felicidade ao desalento, o jovem se desloca por São Paulo desde a manhã até o fim da tarde. Resta-lhe, no final das contas, a esperança da democracia e da liberdade para celebrar o seu feriado do trabalhador.

Primeiro de Maio

Em "Sob as estrelas", Júlio e Ianinha vivem uma paixão impossível, condenada desde o início pelo sacerdócio de Júlio. A decisão dele de seguir a vida religiosa separa-os de maneira trágica, enquanto ela luta com a dor de perder o único amor que conheceu. O conto explora as profundezas da perda e da impossibilidade de um amor que transcende o físico, deixando o leitor com uma sensação de impotência diante das escolhas que moldam destinos. Em "A casa dos mortos", uma filha se vê diante do inexplicável: ela tem a chance de reencontrar sua mãe, mas em um encontro sobrenatural, já após a morte da mulher. A casa, cheia de mistérios, se torna o cenário de uma busca que ultrapassa as barreiras do tempo e da razão, enquanto a protagonista enfrenta as sombras de um passado não resolvido. A obra joga com o limite entre o real e o além, convidando o leitor a refletir sobre os laços familiares e o que permanece após a morte.

Dois contos macabros: Sob as estrelas e A casa dos mortos

Tendo por cenário a Cabanagem, revolta que aconteceu no Pará no século XIX, o conto traz a tragédia de que foi vítima a família de Félix Salvaterra, português que morava com a família num sítio entre Santarém e Irituia, no rio Tapajós. Acolhem em sua casa revoltosos, dando-lhes abrigo, mas a situação muda quando Anica, filha de Félix, percebe algo estranho.

A quadrilha de Jacó Patacho

Em "Como ela o amava!", Camilo Castelo Branco nos apresenta um triângulo amoroso dramático e intenso, ambientado durante a tradicional festa portuguesa de São Bartolomeu. A história gira em torno de Isabel, que se vê dividida entre dois homens, João e Victor, que disputam seu amor com uma paixão avassaladora. Em meio aos sentimentos conflitantes e ao jogo de sedução e rivalidade, o destino da jovem toma um rumo trágico, culminando em uma decisão drástica que mudará para sempre as vidas dos envolvidos. A obra mergulha intensamente em temas como o amor arrebatador, a honra que define destinos e os limites perigosos do desejo, tudo isso envolto na escrita emocionante e psicológica que caracteriza Camilo Castelo Branco. O autor não apenas descreve os sentimentos, mas os faz vibrar, explorando os conflitos internos de cada personagem com uma profundidade que prende o leitor do começo ao fim.

Como ela o amava!

Nesta história muito bem contada de Maria Amália Vaz de Carvalho, o leitor conhece a vida da personagem Margarida, filha de um banqueiro, que é obrigada a casar com um conde por pura vaidade de seu pai, que ambicionava a nobreza. A moça, no entanto, apesar de ceder à vontade do pai, era apaixonada pelo pobre plebeu Eduardo de C.

Duas faces de uma medalha

No conto "Amor de Outrora", de Florbela Espanca, o enredo gira em torno de um encontro singular entre a protagonista e um antigo amor seu, em meio a uma consulta médica. Curioso é saber que a narrativa reflete um paralelo com a vida real da autora, já que seu terceiro marido, Mário Lage, era seu médico!

Amor de outrora

Quando sonho e realidade se misturam com o cuidado de boas mãos escritoras, o resultado é sempre leitura prazerosa! Narra-se neste conto de Maria Amália Vaz de Carvalho um recorte da vida do imigrante português Francisco Cerqueira, que volta à aldeia natal na região do Minho, Portugal, para rever a mãe depois de 40 anos

O melhor sono do milionário

Estes dois textos extraídos de "Contos da Aldeia", de Alberto Braga, refletem a pureza idealizada do universo rural português. Em "A sesta do avô", o velhote revive em um sonho sua participação na resistência à invasão de Napoleão. E em "O sonho da noviça", outro sonho materializa o desejo de Gertrudes, a noviça, constituir família.

A sesta do avô e O sonho da noviça: Dois contos de Alberto Braga

Em "Singular ocorrência", Machado de Assis apresenta uma narrativa irônica e introspectiva que vai além do enredo tradicional. A trama se desenrola quando dois amigos, em uma esquina, comentam sobre Marocas, observando-a à distância e formando suas próprias interpretações sobre sua vida e atitudes. O conto revela, de forma perspicaz, como as percepções e interpretações superficiais moldam as relações interpessoais, questionando as falsas narrativas que criamos sobre os outros. Com um tema atemporal, a obra continua relevante, desafiando os mecanismos que influenciam como julgamos e interpretamos as pessoas ao nosso redor.

Singular ocorrência

Oferecendo ao leitor o prazer das histórias bem contadas, Maria Amália Vaz de Carvalho apresenta nesse conto "O tio Sebastião" uma história de ingratidão. O filho único do protagonista, por conta de um parente rico, vai para a faculdade e passa a viver com luxo, esquivando-se do humilde pai que o ama e vive em uma remota aldeia minhota.

O tio Sebastião

Em "A Caveira", Camilo Castelo Branco apresenta a história de um homem idoso que guarda uma caveira, um objeto carregado de significado emocional, em sua casa. Ao explicar ao amigo o motivo dessa preservação, o narrador revela um passado marcado por um grande amor e profunda perda. A caveira, como um símbolo carregado de significados, se torna o ponto central da narrativa, refletindo as marcas do tempo e as cicatrizes deixadas por experiências não resolvidas. O conto mergulha nos temas da memória, da dor e da morte, explorando como o peso das lembranças e dos arrependimentos pode moldar e influenciar a vida de uma pessoa ao longo dos anos.

A Caveira

Nestes dois contos de Florbela Espanca, seu tema recorrente, a morte, é parte não só do enredo, mas da trama com que é tecida a história. Em "O aviador", dos seus contos mais sentidos, usa-se a mitologia e figuras de linguagem – a perda das asas – para retratar a tragédia. Em "A morta", a protagonista ergue a tampa do caixão para sonhar acordada.

O aviador e A Morta - dois contos de Florbela Espanca

Como o título bem diz, essa seleção de textos do livro "Tratado descritivo do Brasil" de Gabriel Soares de Sousa, descreve de forma pitoresca parcela da costa Norte do Brasil ao final do século XVI. Curioso demais encontrar aqui, entre outras singularidades, a referência às Amazonas que atacaram Francisco de Orellana e deram nome ao rio maior.

Da foz do Amazonas à Baía da Traição: Textos selecionados do livro Tratado Descritivo do Brasil

"Madalena e Salvador não se encontraram senão duas vezes. Neste intervalo reside o romance de toda a sua vida!" A frase que abre este conto de Júlio César Machado diz muito do que se encontrará nele: um romance baseado em cartas entre o jovem Salvador e Madalena, condessa de Loyos, temperado pelos comentários que o narrador dirige ao leitor.

Salvador e Madalena

De um sentimentalismo tocante, o conto "Cantiga velha" traz uma defesa contundente das antigas cantigas populares, em contraponto aos modismos da época em que o texto foi ecrito – a polca, por exemplo. Como enredo, Machado de Assis faz um recorte na vida de um grupo de amigos, no momento em que conversam sobre o tema, e um deles lembra uma quadrinha romântica.

Cantiga velha

Nesta seleção de textos do "Tratado Descritivo do Brasil", Gabriel Soares de Sousa narra a fundação de Salvador, destacando os principais motivos para a escolha do local, especialmente a segurança oferecida pelo seu porto natural. O autor apresenta, de forma clara, a importância estratégica de Salvador como ponto de apoio para a colonização e sua localização ideal para a defesa e o comércio. Além disso, Soares de Sousa descreve o perfil dos primeiros governantes da cidade, Tomé de Sousa e Duarte da Costa, oferecendo uma visão detalhada sobre suas ações e decisões no processo inicial de organização e administração da nova cidade. Ao longo da obra, o autor também aborda os desafios enfrentados pela primeira administração colonial, incluindo a relação com os indígenas e a estruturação das atividades econômicas. Por meio desta narrativa, Soares de Sousa não apenas documenta a fundação de Salvador, mas também oferece uma valiosa reflexão sobre os primeiros passos do Brasil colonial.

Tomé de Sousa e A construção de Salvador: Trechos selecionados de Tratado Descritivo do Brasil

Uma narrativa dentro de outra, costurando-se para dar conta do tema proposto pelo autor Rodrigo Paganino: a mentira. Antonio é um mentiroso contumaz, e por pouco não provoca a morte do noivo da bela Emília, que ele desejava. Para lhe dar uma lição, tio Joaquim conta a história trágica do João da Tenda, cujo hábito de mentir indiretamente provocou a morte da própria filha. Extraído do livro "Os contos do tio Joaquim", o texto, que é independente, apresenta esse narrador-personagem, como em outras narrativas da obra.

A propósito da missa do dia

Em "Como se inventaram os almanaques", Machado de Assis elege o Tempo, assim, com inicial maiúscula, como protagonista, fazendo-o dialogar com uma jovem. Em "Curta história", a personagem central é a jovem Cecília, que amava Juvêncio, mas... acaba se apaixonando por Rossi, ator que interpreta Romeu no teatro.

Como se inventaram os almanaques e Curta história

Os personagens Rufina Soares e Gil Gomes estão no centro do enredo do conto "Conversão de um avaro". Nele, Machado de Assis brilhantemente explora a psicologia de seus personagens, com destaque para a sedução: olhares, beliscões e apertos de mão trocados ilustram bem essa característica. Será que sovinice do comerciante de colchões será vencida pela viúva?

Conversão de um avaro

"A extinção do elemento servil foi, no sentido mais estrito da palavra, uma conquista popular". O artigo de Ruy Barbosa intitulado "Nossa veracidade", de onde se extraíram estas palavras, foi publicado no Diário de Notícias em 3 de abril de 1889, portanto, quase um ano depois da assinatura da Lei Áurea. Uma defesa veemente do autor perante os ataques de outros segmentos da imprensa.

Nossa veracidade: Trechos selecionados de Obras Seletas

A leitura deste livro oferece uma visão de como era Salvador em seus primórdios. O clima, com os ventos que sopram na sua costa e as correntes marinhas, é descrito logo no início, para então o narrador contar o que se vê nos quatro pontos cardeais a partir da Sé da cidade, com destaque para o famoso Pelourinho. Por fim, esta seleção de textos do livro "Tratado descritivo do Brasil" conta como se tratam seus moradores e quais são suas qualidades.

Descrição de Salvador: Trechos selecionados de Tratado Descritivo do Brasil

"Seremos injustos em lançar à conta da Regência essa política de crimes a favor da escravidão?" Neste artigo de Ruy Barbosa intitulado "Nossa ingratidão", publicado no Diário de Notícias, o grande orador se defende das acusações da imprensa por ele supostamente não ter dado o devido crédito à Princesa Isabel no processo abolicionista.

Nossa ingratidão: Trechos do Diário de Notas de Ruy Barbosa

Em "Último Castelo", o leitor encontra a história do poeta Álvaro. No Rio de Janeiro do século XIX, ele era notório pela intensidade não só de seus poemas, mas também de seus atos. Ao realizar seu desejo maior, constituir família, enfrente a adversidade da traição. Em "Os parricidas", o narrador participa de uma festa de casamento num castelo e se depara com uma bizarra situação: encontra acorrentado e preso o avô da noiva.

Último castelo e os parricidas: Dois contos de Raul Pompeia

As personagens Mariana e Sofia não poderiam ser mais diferentes. Contudo, é sobretudo no diálogo delas que se constrói a trama deste "Capítulo dos Chapéus", conto magnífico de Machado de Assis. Parte o enredo do pedido de Mariana ao marido Conrado para que troque o chapéu que usa, que julga ultrapassado, para discorrer sobre a sociedade carioca do século XIX.

Capítulo dos chapéus

Em "Um suplício moderno", Monteiro Lobato tece uma crítica à máquina administra de seu tempo, à burocracia, bem como à política em sua totalidade. Nele, conta-se a tragicômica história do estafeta Izé Biriba, que a tudo e a todos "sim senhor!" dizia. Achava que um emprego público seria sua salvação, mas logo descobre que não.

Um suplício moderno

Em "Noite de almirante", Machado de Assis conduz o leitor por uma breve e intensa história de amor, marcada pela esperança e pela desilusão. Deolindo Venta-Grande, um jovem marinheiro, vive com Genoveva um romance arrebatador antes de partir para uma longa viagem de instrução, parte de seu treinamento naval. Durante os dez meses no mar, ele cultiva a promessa de reencontro, certo de que o amor resistirá à distância. Mas ao voltar, encontra uma realidade dura: Genoveva o esqueceu e agora vive com outro homem. Neste conto de poucas páginas e grande impacto, Machado revela com ironia e precisão a fragilidade das promessas, os desencontros do amor e a amargura do retorno. Ao mesmo tempo, oferece um retrato afiado de uma sociedade em transformação, onde os laços afetivos se desfazem com rapidez e as certezas emocionais se mostram tão voláteis quanto passageiras.

Noite de almirante

Um testemunho pungente da violência com que tribos inteiras eram exterminadas por conta do caucho – gênero de goma concorrente da seringa: eis o teor de "Os caucheiros", de Euclides da Cunha, extraído do livro "À margem da história". Que é caucheiro? O autor bem o define: "O caucheiro é irritantemente absurdo na sua brutalidade elegante... É o homúnculo da civilização".

Os caucheiros: Trechos selecionados de À Margem da História

No conto "Decadência de dois grandes homens", o leitor conhece a história de dois homens, Jaime e Miranda, que se conhecem num café no Rio de Janeiro. Mais velho, Jaime convida Miranda para ir a sua casa, onde conta que ele é Marco Bruto, assassino de Júlio César, que, por sua vez, está incorporado no seu gato...

Decadência de dois homens grandes

Em "A Herança", Machado de Assis revela com sutileza e inteligência sua habilidade única de explorar os aspectos mais ambíguos do comportamento humano. A história acompanha Dona Venância, uma senhora idosa cercada pela atenção constante de seus três sobrinhos — Emílio, Marcos e Eugênia. Afetuosos e prestativos, eles demonstram profundo carinho pela tia. Mas por trás dessa dedicação, esconde-se um interesse que une os três: a expectativa por sua herança. Com uma narrativa concisa e repleta de camadas, Machado constrói uma crítica elegante às relações familiares mediadas por conveniência, expondo com ironia fina a tensão entre sentimento genuíno e ambição disfarçada. "A Herança" é um conto provocador e atemporal, que convida o leitor a olhar com desconfiança para os vínculos que parecem incondicionais demais.

A herança

O "Livro do desassossego", de Bernardo Soares – heterônimo de Fernando Pessoa –, reúne fragmentos em prosa de reflexões do poeta português. Em "Para viajar basta existir", apresentam-se textos cujo tema recorrente são as viagens, sempre vistas de forma personalíssima, naquilo que provocam no espírito do escritor.

Para viajar basta existir

Na presente seleção de textos do livro "História da província de Santa Cruz", do cronista Pero de Magalhães Gandavo, predomina o pitoresco, como, por exemplo, a descrição da... banana! "Parecem-se na feição com pepinos, e criam-se em cachos." Bichos venenosos e, principalmente, o monstro marinho de São Vicente, são outras descrições interessantes o bastante para estimular sua leitura.

Plantas e animais da província de Santa Cruz: Trechos selecionados de História da Província de Santa Cruz

No conto "A valsa da fome", o enredo faz um recorte na vida do pianista Hipólito, que, depois morte da irmã, nunca mais tocara, posto ter vendido o piano para pagar seu funeral. Começa a passar fome. Então um conhecido lhe oferece a oportunidade de tocar numa festa, onde acaba por desmaiar... porque não comera e porque se encantara com a própria música. Em "O futuro presidente", contam-se os sonhos de um pobre costureira com o futuro do filhinho que dorme a seu lado, sonhos estes interrompidos pela notícia de que o marido perdera o emprego.

A valsa da fome e O futuro presidente

Com a tradicional ironia de Machado de Assis, o conto "O astrólogo" narra a história de Custódio Marques, almotacé (inspetor de pesos e medidas) que gosta de cuidar da vida alheia. Ele começa a investigar a vida de um juiz, com o intuito de casar sua filha com um sobrinho dele. E descobre como chantageá-lo. No entanto, quando se prepara para dar o golpe, acontece uma reviravolta.

O astrólogo

Um convite à reflexão do leitor: eis o elo comum entre esses dois contos do genial Machado de Assis. Em "Ideias do canário", o narrador e a ave criada em cativeiro discutem possíveis e distintas visões de mundo. Em "O dicionário", o texto apresenta uma crítica mordaz (e atual) do autor à sociedade em todos os aspectos, da política aos relacionamentos amorosos.

Ideias de Canário e O dicionário

O conto "Na arca" resgata a história bíblica da Arca de Noé, incluindo sua estrutura. No entanto, a ênfase aqui é na disputa dos filhos de Noé (Sem, Cam e Jafé) na divisão da terra em que ainda vão pisar. Para encerrar a briga, Noé os ameaça com uma maldição. O toque de ironia machadiana é revelado nos pensamentos do patriarca.

Na arca

"Ânsia eterna" apresenta ao leitor um enredo sofisticado, em que Júlia Lopes de Almeida faz valer o pensamento de seu protagonista: "É muito frequente em mim pensar paralelamente em dois fatos diferentes, até que um absorva o outro". Assim, duas histórias se entrecruzam no conto: a do escritor não consegue terminar seu livro e a história que acaba por narrar. Em "A Rosa Branca", conta-se a pungente história da menina Inês, que recria um milagre para ganhar o amor da avó.

Ânsia eterna e A rosa branca

Neste trecho de "Rio da Prata e Paraguai: Quadros Guerreiros", Moreira de Azevedo narra com riqueza de detalhes o cerco e a tomada de Paissandu, um episódio decisivo nas disputas pelo controle político do Uruguai. As forças brasileiras, em aliança com o general Venancio Flôres, marcham sobre Montevidéu para enfrentar os revoltosos do Partido Blanco, em meio a estratégias militares e tensões diplomáticas crescentes. Mais do que um registro de guerra, o texto revela os bastidores de uma campanha que alterou os rumos da política no Prata e consolidou a presença brasileira na região.

O cerco de Paissandu: Trechos selecionados de "Rio da Prata e Paraguai: Quadros Guerreiros"

O conto "O machete" apresenta ao leitor, no tom melodramático mais característica da escrita inicial de Machado de Assis, o dilema de Inácio Ramos. Desde criança, sua vocação musical é evidente, mas, com a chegada à vida adulta e suas consequências, ele se vê frustrado pela falta de público. A narrativa traz à tona a discussão polarizada em música erudita/música popular, com a exploração paralela da psiquê do protagonista.

O machete

Nestes trechos selecionados de "A abolição", Osório Duque-Estrada apresenta uma análise corajosa e reveladora sobre o fim da escravidão no Brasil. Com argumentos sólidos e clareza impressionante, o autor desmonta o mito de que a família imperial teria sido responsável pela libertação dos escravizados, mostrando que a Princesa Isabel e Dom Pedro II não agiram por benevolência ou heroísmo. Duque-Estrada revela que a verdadeira força por trás da abolição foi o povo brasileiro, o exército e grandes abolicionistas, como Joaquim Nabuco e Rui Barbosa, que lutaram incansavelmente contra a injustiça. É um texto essencial para quem deseja enxergar além das versões oficiais da história, mostrando que a liberdade foi conquistada pela coragem coletiva e não concedida como um favor pelo poder.

A escravidão e O trono: Trechos selecionados de "A abolição"

Nestes trechos de "Opúsculo humanitário", Nísia Floresta reflete sobre o papel das mães na formação intelectual e moral das filhas brasileiras. Em uma sociedade marcada pela ausência masculina na educação doméstica, ela alerta para a responsabilidade feminina em orientar as meninas com firmeza, propósito e princípios sólidos. A autora critica duramente a ociosidade, a vaidade e a superficialidade que permeavam a educação de muitas jovens, especialmente entre as elites. Em contrapartida, defende a valorização do trabalho, do conhecimento prático e do pensamento crítico como fundamentos da verdadeira formação. Essa defesa vale não apenas para as classes populares, mas para todas as camadas da sociedade. Trata-se de um chamado à transformação da maternidade em ato de consciência e construção do futuro.

Maternidade e educação: Textos selecionados de "Opúsculo humanitário"

Em "Marcha sobre Laguna", Visconde de Taunay narra, com precisão documental e sensibilidade literária, os episódios vividos por um corpo militar brasileiro durante a Guerra do Paraguai. A obra descreve a campanha empreendida rumo à cidade de Laguna, atravessando regiões inóspitas do sul do Brasil e do território paraguaio. Em meio a marchas extenuantes, terrenos alagadiços e dificuldades de abastecimento, o autor revela os limites físicos e emocionais dos soldados diante da missão. Testemunha direta dos acontecimentos, Taunay constrói um retrato vívido das dificuldades enfrentadas pelas tropas, do impacto da paisagem hostil e da tensão moral que pairava sobre os homens em campanha. Mais do que um simples relato militar, o texto revela os bastidores da guerra, as estratégias logísticas e as emoções humanas que marcaram esse momento decisivo da história nacional. A crônica oferece ao leitor uma imersão profunda na realidade da guerra, resgatando o drama de quem marchou, não apenas contra o inimigo, mas também contra a fome, o cansaço e a incerteza. Com essa narrativa, Taunay transforma a memória da marcha em literatura, reafirmando seu lugar como um dos principais nomes da prosa histórica brasileira.

Marcha sobre Laguna: Trechos selecionados de "A retirada da Laguna"

"Já passou o tempo em que ninguém se atrevia a entrar em um hospital de doidos, receoso de penetrar em enxovias, em gaiolas de ferro, onde eram encarcerados os míseros, como se fossem feras." Nestes trechos, Moreira de Azevedo revela os bastidores da fundação do Hospício de Pedro II, primeiro centro especializado em saúde mental do Brasil, inaugurando uma nova era no tratamento da loucura. Com um olhar sensível e rigor documental, o autor retrata os avanços e contradições de um tempo em que o cuidado com os doentes mentais começava a abandonar o medo e a violência para dar lugar à compaixão e à dignidade. Ao narrar esse marco histórico, Moreira de Azevedo nos convida a refletir sobre os limites entre razão e desrazão, progresso e exclusão.

Hospício de Pedro II: Trechos selecionados de "O Rio de Janeiro"

Neste conjunto de contos, Artur Azevedo revela sua habilidade incomparável de transformar o cotidiano em crítica social cômica e envolvente. Em "O velho Lima", um sujeito distraído atravessa a Proclamação da República sem sequer perceber o que ocorreu, expondo com fina ironia o abismo entre o povo e os grandes eventos políticos. Em "A réclame", um marido obcecado por um poeta abre, sem querer, espaço para o próprio adultério de sua esposa, num jogo de vaidades e mal-entendidos. Já em "A Dona Branca", o autor satiriza o universo das aparências e convenções familiares ao narrar uma traição tratada com delicada irreverência. Entre malícias sutis e personagens deliciosamente contraditórios, Azevedo constrói retratos vívidos da sociedade carioca do século XIX, combinando humor, inteligência e um olhar crítico aguçado sobre os costumes de sua época.

O velho Lima e outras histórias

Em "Não as matem", Lima Barreto levanta a questão do feminicídio, comentando notícias do início do século XX, como o caso de um rapaz de Deodoro, subúrbio do Rio de Janeiro, que tentou matar sua ex-noiva e se suicidou em seguida, e de outro homem que, no Carnaval, atirou sobre a ex-noiva, matando-a, e depois cometeu suicídio. A moça, com a bala na espinha, veio a morrer dias depois, entre intensos sofrimentos. O feminicídio é novamente abordado em "Lavar a honra, matando?", quando Lima Barreto discorre sobre sua experiência como jurado em um caso em que um homem matou sua esposa, mas foi absolvido. O autor denuncia o machismo e as falhas das leis brasileiras. Por fim, em "Coisas do jogo do 'bicho'", ele conta a história de um tipógrafo que, através de um personagem, fazia previsões sobre o jogo do bicho, tornando-se uma figura conhecida. Em "O fabricante de diamantes", Lima Barreto narra o conto homônimo de H.G. Wells, sobre um homem que tenta, sem sucesso, fabricar diamantes, tentando vendê-los em Londres no final do século XIX.

Não as matem e outras crônicas de Lima Barreto

Neste trecho selecionado de "Rio da Prata e Paraguai: Quadros Guerreiros", Moreira de Azevedo apresenta um relato marcante da Batalha do Riachuelo, um dos episódios mais decisivos e simbólicos da Guerra do Paraguai. Ocorrido em junho de 1865, às margens do arroio Riachuelo, afluente do rio Paraná, o confronto naval consagrou a supremacia brasileira nas águas do conflito e alterou o rumo da guerra. Com olhar atento aos detalhes militares e políticos, o autor reconstrói o cenário de tensão e bravura que cercou a batalha, revelando como o domínio do Prata se tornou ponto-chave nas disputas entre os países da região. Um retrato vívido de coragem, estratégia e afirmação nacional.

A batalha do Riachuelo: Trechos selecionados de "Rio da Prata e Paraguai: Quadros Guerreiros"

Nestes trechos de "Opúsculo humanitário", Nísia Floresta levanta uma crítica forte à negligência do governo diante da educação das mulheres. Com olhar perspicaz e linguagem afiada, denuncia a omissão do Estado e a lógica mercantilista que contaminava tanto escolas públicas quanto particulares. O cenário descrito por ela, surpreendentemente, ainda ressoa nos dias atuais. Mais do que um diagnóstico social, a autora faz um chamado visionário: é preciso reconhecer a educação feminina como pilar de uma nação verdadeiramente civilizada. Suas palavras ecoam com força, exigindo ação, justiça e transformação.

Governo e educação: Textos selecionados de "Opúsculo humanitário"

Nestes trechos de A mulher moderna, Josefina Álvares de Azevedo ergue sua voz com coragem e lucidez para exigir o direito ao voto feminino em pleno nascimento da república brasileira. "Queremos o direito de intervir nas eleições, de eleger e ser eleitas", escreve, apontando a exclusão das mulheres como uma contradição intolerável num país que se dizia livre e democrático. Com estilo direto e provocador, Josefina denuncia a hipocrisia dos líderes políticos, desafia o conservadorismo da época e convoca as mulheres à ação. Seu texto é mais do que um manifesto: é um grito histórico por igualdade e justiça, cuja força ainda reverbera nos debates atuais sobre representatividade e participação política.

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